empreendedor ou sonhador?

Filme de Francis Ford Coppola traz reflexões importantes sobre o empreendedorismo

bela obra cinematográfica do grande Francis Ford Coppola, como uma apologia ao espírito incansavelmente empreendedor do homem que dá nome ao filme, o inventor Preston Tucker (vivido aqui pelo sempre sensacional Jeff Bridges). Entretanto, Tucker não pode ser chamado de empreendedor modelo, uma vez que seu ímpeto na maioria das vezes incontrolável, foi um dos fatores que levaram seu maior empreendimento e seu maior sonho à bancarrota. Contudo, não se pode negar que graças à empreendedores como Preston, o mundo dos negócios se transformou radicalmente ao longo das últimas décadas.

A real estrela de Tucker: Um Homem e seu Sonho talvez nem seja o próprio Tucker, mas sim sua maior invenção: o carro que leva seu nome. Uma máquina de design e mecânica agressivas para a época (o filme se passa no final dos anos 40), o Tucker era uma verdadeira bala. Praticamente um cruzamento de um velho Studebaker com o Batmóvel. E o mais incrível sobre o carro é o fato de que Preston Tucker realmente tenha conseguido construir 50 unidades dele, exatamente como ele disse que faria, antes de ser destruído pelas três grandes companhias automobilísticas da época (General Motors, Ford e Chrysler), que ficavam em Detroit, antigamente o berço automotivo norte-americano, mas cujas engrenagens se estendiam até o congresso do país em Washington. Tucker na realidade nunca teve a menor chance.

Teria a indústria automotiva sido diferente se Tucker tivesse conseguido colocar seu sonho para ser produzido em massa? É quase certo que não. O Tucker teria provavelmente prosperado no fim da década de 40 e talvez a de 50, e depois se juntaria à longa lista de carros como o Hudson, o Kaiser, o Nash, o citado Studebaker, o Packard e o Willys, entre outros, que não conseguiram permanecer como expoentes da indústria automotiva americana.

 Entretanto, o filme de Coppola não é sobre o carro, mas sim sobre o homem por trás dele. E Tucker: Um Homem e seu Sonho pinta Preston Tucker como um sonhador incurável, cuja genialidade só não era maior do que seu otimismo. Tucker era o tipo de homem capaz de juntar um pequeno grupo de amigos ao seu redor e inspirá-los a construir um grande carro, contudo, ao mesmo tempo faltava-lhe qualquer tipo de senso comum ou noção das reais probabilidades que estavam contra ele.

Tucker é interpretado pelo sensacional Jeff Bridges com um grande sorriso no rosto e uma inclinação para encontrar esperança mesmo nos lugares mais impossíveis. Ele é o centro de uma grande e alegre família, com uma esposa apaixonada (Joan Allen), e um monte de crianças que parecem diretamente clonadas de uma daquelas antigas propagandas de cereal. Tucker fez sua fortuna durante a Segunda Guerra Mundial, quando inventou e fabricou o "Tucker Turret", um veículo de apoio às Forças Armadas e bombardeiros americanos. No mundo pós-guerra, ele começou a amadurecer a ideia de que o povo americano estaria pronto para um automóvel verdadeiramente moderno, com design arrojado, ótimo rendimento e itens de segurança como parabrisas removíveis e cintos de segurança. A cereja no bolo era um terceiro farol no meio da grade frontal, que se movia de acordo com o volante. Porém Detroit não gosta muito da ideia de um carro possuir cintos de segurança; eles dão a ideia para o público de que os carros não são seguros. Logo, eles também não aprovam a ideia de Tucker.

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