Análise do poema Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles

03/01/2022

Toda escolha significa uma perda, e essa é a difícil conclusão que a poeta brasileira apresenta para as crianças.

 Ou se tem chuva e não se tem sol,

ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo. 

analise 

Os versos mostram como as escolhas são obrigatórias, não escolher já é fazer uma escolha, não é possível fugir das situações que se apresentam no nosso dia a dia.

Viver é, portanto, optar por caminhos diferentes, e é essa dificuldade da qual não se pode fugir, que Cecília Meireles mostra aos pequenos leitores.

O poema gera identificação com a criança, que começa a ser apresentada aos dilemas da vida a medida que vai crescendo: brincar ou estudar? Correr ou ficar sossegado?

Através da poesia, o leitor vai tomando consciência de que, muitas vezes, é preciso abrir mão daquilo que se quer em nome de outra coisa que também se deseja. Frequentemente nos encontramos em situações onde é preciso sacrificar algo para conseguir a outra hipótese.

Os versos de Cecília Meireles têm uma importante função didática e ensinam aos pequenos - aproveitando também para relembrar os adultos - que devemos aceitar que, ao escolher, vamos sempre perder aquilo que não foi escolhido.

Escolher é, portanto, de uma certa forma, sinônimo de sofrer, e Ou isto ou aquilo nos ajuda a aceitar a incompletude, a processar a falta e a nos conformarmos de que não podemos ter tudo o que queremos.

Através da poesia, a criança compreende, com exemplos práticos, as consequências da escolha: "se calça a luva e não se põe o anel / ou se põe o anel e não se calça a luva!". Pequenas situações, como a necessidade de se optar pela luva ou pelo anel, ilustram uma das muitas dificuldades que nós, leitores, iremos encontrar assim que nos levantamos da cama.

Os exemplos dados por Cecília Meireles são propositalmente ilustrativos, muito visuais e cotidianos (presentes no universo da infância). São elementos com os quais toda criança pode se relacionar rapidamente, facilitando a sua compreensão do dilema que é introduzido.

Sandro Luís O viajante WhatsApp 82.99660-0367
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